sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Sob a Sombra do Canalha


                Nessa época de eleições ocorre um estranho fenômeno, que tal como repentinamente surge também finda após a contagem dos votos. Este fenômeno consiste em milhares de pessoas se tornarem da noite para o dia, sem ter lido um livro, sem ter estudado um teórico, sem ter meditado sobre o assunto nem cinco minutos, especialistas em política e ideologia.

                Apinham-se as ruas, os botequins, as livrarias, repartições públicas, em suma não há aonde se vá que não se encontre um palpiteiro que em tempos de eleições é misticamente iluminado e elevado a cátedra da ciência política. No mais das vezes esses analistas políticos tendem a um discurso que se resume a “meu candidato/partido é melhor que todos os outros/ tão bom quanto aqueles a quem está associado” e “O fulano/partido é péssimo, meu candidato/partido faria/faz/fez muito melhor”. A isso se resume 99% das conversas que se tenta ter com esses atletas de fim de semana da política. E porquê seus argumentos se resumem a uma cantilena maniqueísta? Por que não defendem nem ideias nem ideais, não defendem pontos de vista, sejam econômicos ou ideológicos, mas defendem seus próprios interesses financeiros e de poder.
Muitos leitores dirão: “Mas isso é comum, cada um quer defender o seu”. Certamente que o que relatei não é novidade alguma, nem a observação do fenômeno, nem da análise de suas origens. Esse é o principal problema. Quando alguém ingere um veneno sem saber o que bebe é um acidente, quando sabe é suicídio.
                Dar ouvidos a essas pessoas, sabendo que têm intenções claramente ligadas a uma tentativa de elevação social é, na mais branda das possibilidades, uma tremenda burrice.  É um claro sintoma de degeneração quando um mal é visto com normalidade. No Brasil vemos o furto e a trapaça simbolizando a esperteza e a inteligência, a canalhice e a “malandragem” como pré-requisitos para alguém ser um gestor público. Há como ter esperanças em um povo que levanta templos ao vício e envia às masmorras as virtudes?
                Para não dizerem que caio na mesma vala comum onde se atiram por vontade própria os críticos sem soluções, os anunciadores do mal absoluto, vejo sim uma saída para esse, assim como para vários dos problemas que temos no país. As soluções são a educação e o fim da glorificação do canalha como o tipo modelo em nossa cultura.
Um adendo, quando falo “educação” não cito a pedagogia moderna que corre por nossas escolas e universidades, onde se o professor repreende um aluno, por estar socando a cara de um colega, é tachado de retrógrado e reacionário. Falo da verdadeira educação onde é transmitida ao aluno a herança cultural que foi juntada ao longo dos séculos.  Ou educamos no presente ou nunca teremos um futuro.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

De bodoque à passarinho*

É interessante notar como uma pessoa, ou um grupo, age quando ela e “pedra” e quando ela é “vidraça”. Ser oposição é um trabalho bem fácil, visto que basta reclamar de tudo que aparecer. Atirar em tudo que se mexer. Quando, depois de muito esforço, toma o poder começa a sentir onde “aperta o calo” de quem tem de construir algo.

Triste é ver aqueles que em um pretérito, não tão distante, eram ferrenhos críticos de certas praticas agora as praticando de maneira igual ou pior a de seus antagonistas. “Nada mais conservador que um revolucionário no poder” já diz o velho dito popular.

Está semana, durante o desfile da semana da pátria, conversava com os lideres do movimento da brigada militar, que lá estavam se manifestando em busca de seus direitos. Perguntei se o governador do estado estava negociando com a categoria, a respostas foi que “Ele está mais fugindo do que negociando, mas ainda há algum tipo de contato”. Ao ouvir isto comentei que atualmente era muito estranha a relação do Partido dos Trabalhadores com as classes em greve, tanto em nível estadual quanto federal. Para quem não sabe o governo federal disse aos servidores federais grevistas que não negocia com classe em greve.

Um dos policiais militares disse algo em nossa conversa que ficou gravado em minha memória e que posso deixar de compartilhar com a comunidade Riograndina. “O PT foi quem nos ensinou a fazer greve para lutar por nossos direitos. Agora age como se estivéssemos errados em nos manifestar”. Os professores estão punindo os alunos por aprenderem.

Quem está acostumado só a bater quando apanha sente mais firme o golpe.



*Este artigo foi publicado no "Blog do Alfaro"(http://www.blogdoalfaro.com.br) no dia 10/09/2012