sexta-feira, 12 de março de 2010

"INVERSÃO HISTÓRICA"




Lidio Lima




Um fenômeno que vem me chamando atenção, não por ser novo, ao contrario, mas pelo fato de ter me dado conta dele só agora, após ter lido alguns artigos, é o da inversão histórica. A inversão histórica é um fenômeno que em maior ou menor grau é usado pelas esquerdas e pelas religiões.
A inversão histórica consiste em inverter o campo temporal, começando pelo fim. Cria-se um futuro hipotético, no qual tudo é perfeito e maravilhoso. A partir daí traça-se planos e metas para chegar a esse futuro de bem aventurança, essa era áurea. Todo aquele que por ações ou palavras impede, na visão dos inventores desse futuro, a humanidade de chegar ou se aproximar mais rapidamente desse éden, terreno ou transmundano, merece ser silenciado ou mesmo destruído. Assim são justificados os expurgos, os genocídios, as forcas, fogueiras e guilhotinas.
Os criadores desta ideia tornam-se então juizes da humanidade, decidindo quem merece viver e agir, por estar de acordo com os ideias que levarão a esse futuro e os que devem ser proscritos e anatemizados por ser contra ou não acreditar nessa visão de mundo. Podem chamar esse futuro de reino dos céus ou de comunismo, que é uma versão do reino do céus na terra, mas no fundo eles são mesma coisa, uma hipótese que pode ser ou não real.
Os “criadores” deste futuro na verdade se vêem como representantes desse tempo vindouro, portanto seus atos só podem ser julgados por essa era que advirá. Logo, nós meros mortais, não podemos julgar seus atos, o que os torna praticamente divinos. Ao menos na sua visão e de seus correligionários ou irmãos de denominação.
As religiões ou denominações quando se legitimam usando a inversão histórica ainda tem seus atos limitados por dogmas, que fora raros casos individuais, são respeitados. No caso das esquerdas não temos esses dogmas para reprimir os desmandos maiores. Logo a tirania toma as rédeas e o povo irá para o paraíso terreno, querendo ou não! No mais das vezes, aqueles que não crêem na possibilidade de um paraíso terreno, são mandados para o paraíso do além.
A inversão histórica não é um mero estratagema teórico para legitimar ideologias, ela é sim um problema mental. Quem crê que após teorizar um porvir hipotético pode ir alinhando a humanidade até chegar a essa ideia preconcebida ou é louco ou idiota.

2 comentários:

Fabiano - Barricada Vermelha disse...

Não será por mero descuido que o amigo esqueceu de citar o próprio capitalismo como sistema excludente. Aliás, pode falar de exclusão, alguém que defende o capitalismo como a própria evolução da humanidade? Não há nenhuma relação em expurgos e processos inquisitórios, a não ser a coincidência de serem políticas de repressão social. A inquisição é um crime, nefasto, covarde e me admira os católicos ainda a legalizarem ou negligenciarem. O expurgo stalinista, por sua vez, foi uma reação contra a radicalização da revolução na URSS. Não se pode legaliza-lo, mas muito menos tentar leva-lo ao campo da discussão sobre a fé. Teu texto é bem escrito, mas plena funçaõ retórica. Não tem um objeto pleno de crítica. Critica todo o tempo uma elite que negligencia os "diferentes", mas não cita a exclusão do capitalismo, que é a mais óbvia da História. Existe maior segregação que a sócio-economica? Pode o autor esquecer-se que aqueles que não concordam com o sistema de capital são engolidos pela miséria emalguns lugares, presos em outros? Finalmente posso dizer que o direitismo do autor chegou ao extremo, e também conseguiu escrever algo sem sintese, perdido e desqualificado históricamente, já que não aponta e não realiza debate, mas sim compara, levianamente dois polos equi-distantes. Repito, entretanto, que os expurgos e os tribunais inquistórios, são sim uma prática nefasta, chaga da história, fenomeno desastroso. Não há, entretanto, semelhança entre eles. Citar o comunismo como uma religião, compara-lo a uma seita, é algo tão tenebroso e talvez, burro (me desculpe), que nem mesmo JArbas Passarinho o faria. O amigo me perdoe, mas sua radicalização para o conservadorismo chegou ao máximo, fazendo com que até eu, defensor da liberdade de expressão, o corrija, e não mais o ignore.

Anônimo disse...

uma crença para ser fanatica, não precisa ser religiosa, basta ser fascista.
rosali