sábado, 9 de fevereiro de 2013

Uma lição esquecida


Lídio Lima


            Li que o governo argentino lança mão do congelamento dos preços para tentar controlar a inflação. Foi nessa mesma Argentina que em meados de dezembro de 1958(!) o economista Austríaco, Ludwig Von Mises , palestrou para uma plateia de jovens interessados em modernizar a economia de sua nação. Esta série de palestras está contida no livro “As seis Lições” (José Olimpo/Instituto Liberal).
Em uma palestra específica, chamada “O Intervencionismo”, Mises nos fala sobre o congelamento por parte do governo do preço do leite, por exemplo:
“Por um lado, o menor preço do leite provoca o aumento da demanda do produto; pessoas que não tinham meios de comprá-lo a um preço mais alto, podem agora fazê-lo ao preço reduzido por decreto oficial. Por outro lado, parte dos produtores de leite, aqueles que estão produzindo a custos mais elevados – isto é os produtores marginais – começam a sofrer prejuízos, visto que o preço decretado pelo governo é inferior aos custos do produto.”
Todo esse processo, afirma Mises, tem como resultado a redução da quantidade do produto no mercado, pois com contínuo prejuízo os produtores vão diminuindo a produção ou até mesmo desistindo dela, e a ampliação da demanda, pois com preço menor mais pessoas podem comprar tais produtos. Deste aparente paradoxo de diminuição da produção e aumento do consumo surge o “mercado negro”, a corrida aos mercados, as infindáveis filas, etc... Cenários que o brasileiro conhece muito bem.
Outro problema do congelamento dos preços, também apontado por Mises, é que o Governo acaba por adentrar em um círculo vicioso em que a princípio só congela uns poucos produtos, mas começa a estender esse controle a outras áreas. Seguindo o exemplo do leite, o economista explica que, o governo ao ver que o que encarecia o produto aos criadores era, por exemplo, a forragem, decide congelar também o preço desta, criando assim um círculo vicioso de controle do Estado e de insatisfação dos cidadãos.
Congelamento de preços é uma medida já se comprovou inócua no Brasil. E, quando “funcional”, não passa de uma falácia econômica de longo prazo. Essa estratégia é bem conhecida dos brasileiros. Tivemos até mesmo inspetoras civis, as famosas “Fiscais do Sarney”, para averiguar se os congelamentos estavam sendo cumpridos. Assim sendo, poderíamos aconselhar nossos “hermanos” a deixar de lado tais artificialismos econômicos ultrapassados e liberalizar sua economia, sair do populismo decadente e entrar no livre mercado, única saída para um país que quer evitar uma crise.
Espero que essa pequena lição, dada por este que é um dos maiores economistas da historia, em 1958, sirva para arejar a mente de nossos hermanos argentinos. E que mais uma vez fique claro: Na atualidade nenhum país que quer ser uma potência mundial pode se sustentar sem ser uma economia aberta ao livre mercado e com o mínimo de interferência por parte do Estado.

Medidas afirmativas são a solução para o país do imediatismo



Mateus  Magalhães







         Você já ouviu falar na palavra “meritocracia”? Como bem explicita seu prefixo e sufixo, trata-se de um sistema que valoriza o mérito como trampolim para que indivíduos atinjam posições sociais variantes a partir da capacidade dos mesmos. Em sociedades democráticas, o poder do mérito eleva os mais capazes a posições mais altas e, por sua vez, estimula a saudável competição pela excelência. Universidades públicas, isto é, aquelas custeadas por eu e você, escolheram este sistema para efetuarem uma triagem e abrirem suas portas aos mais capazes, instituindo juízos de valor variáveis em relação a cada curso e, partindo do pressuposto que fazem parte do que se convenciona chamar de educação superior, buscando alunos aptos e que realmente possuam vocação para a vida acadêmica.  A meritocracia não vê grupos sociais, minorias, maiorias, cor de pele, sexo ou características biológicas ou sociais; seu interesse reside na qualidade e nível de conhecimento de determinado candidato. Entretanto, existe uma variável, bem verdadeira em nosso país, que funciona como contraponto a este aparente funcionamento perfeito da meritocracia: nem todos têm acesso a um sistema de educação pública de qualidade que ofereça uma formação adequada para a adesão ao ensino superior. Desta variável, existem duas possíveis soluções a serem tomadas: uma delas defende uma manutenção geral do ensino público brasileiro que sofre com a danosa ingerência do estado; a outra, defendida por este mesmo estado, prevê medidas “sociais” para aliviar o problema. 

       Todo brasileiro conhece aquela expressão popular “tapar o sol com a peneira”. Cotas raciais, uma das medidas sociais do governo federal, é um exemplo perfeito disto. Têm se o rombo na educação pública, que recebe grande atenção nas propagandas de períodos de pleito no Brasil, mas vive, diariamente, com realidades de violência, locações totalmente impróprias para a prática de atividades letivas, professores extremamente mal remunerados arriscando suas vidas em salas de aula repletas de indivíduos violentos e um ambiente marginalizado, que vive e respira com dificuldade e definha lentamente no processo. Temos no Brasil o triplo de negros e pardos pobres do que outras etnias. É natural que a incidência dos mesmos dentre os frequentadores deste ensino público caótico seja maior e, por sua vez, seja difícil para que os mesmos galguem a posição de discentes posteriormente, naquele sistema de meritocracia. 

Agora, analisemos o conceito que exprime a palavra igualdade. O novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa diz o seguinte: igualdade. [do lat. Aequalitate] S. f. 1. Qualidade ou estado de igual; paridade. 2. Uniformidade, identidade. 3. Equidade, justiça. 4. Mat. Propriedade de ser igual. 5. Mat. Expressão de uma relação entre seres matemáticos iguais. No verbete referente ao que se indica como “Igualdade moral”, temos a seguinte explicação: “Relação entre os indivíduos em virtude da qual todos eles são portadores dos mesmos direitos fundamentais que provêm da humanidade e definem a dignidade da pessoa”. Em algum momento estas definições do nosso dicionário defendem teses de que direitos possam ser tolhidos para que grupos minoritários recebam algum tipo de compensação ou facilitação? Mesmo que da desigualdade, é possível imaginar algum conceito de isonomia que preveja a utilização de dispositivos para repararem-na passando por cima dos direitos coletivos e individuais de outros grupos? No momento em que se alija tal grupo dos mesmos direitos e deveres dos demais, não vivemos mais em um sistema igualitário. 

    Imaginar uma fantasia onde determinados grupos recebem mais direitos que outros para reparação histórica ou outra explicação sofistica de qualquer natureza é uma agressão declarada aos preceitos básicos da democracia, sistema político onde pretensamente vivemos. A tal reparação histórica trata-se de uma espécie de revanchismo, onde indivíduos que não participaram de tal evento terão de pagar por uma indenização de natureza duvidosa para os descendentes da escravidão no Brasil. Mas, no país que levanta altivamente a bandeira da miscigenação biológica e cultural de sua nação – com toda a razão, como definir quem é “negro” e quem não é? Você já parou para pensar que a maioria dos “negros” que conhece, no máximo, se enquadrariam na definição de pardos, isto é, negros miscigenados com brancos ou outros grupos étnicos?  Como arbitrar que o sangue de tal pessoa é mais de “escravo” e menos de “senhor de escravo”? Se você já teve a oportunidade de visitar uma favela no Rio Grande do Sul, pode surpreender-se com a quantidade de bebês de pele alva e olhos de tez clara vivendo em meio ao lixo e lama. Seriam eles algozes que merecem estar nesta posição social por descenderem de agentes da escravatura? Ou seriam vítimas assim como os negros que foram marginalizados após a abolição e tiveram de ir morar nestas favelas? Como dizer que eles não possuem sangue dos escravos e o “negro” na favela não possui sangue do descendente de europeu que transou com uma negra e deixou seu filho bastardo na clandestinidade? 

    Um dos argumentos dos pró-cotas é que a população negra no Brasil é uma maioria. Isto é mentira, pura e simples. O IBGE publicou, em seus dados de 2010, que 49% (cerca de 91 milhões) da população no país se declara branca, 43% (cerca de 82 milhões) parda e, apenas, 7%  (cerca de 14 milhões) se declara negra (ou, no termo técnico, preta). Vejamos, estes pardos seriam mais brancos ou mais negros? Quais se enquadram realmente no programa de cotas e quais não? E, ainda pior, existem conceitos de raça para a ciência moderna? O excelente livro “Humanidade sem Raças” (Publifolha, 2008), do geneticista Sérgio Pena, defende que não. Em sua definição, propõe “a substituição desses dois modelos prévios por um novo paradigma genômico/individual de estrutura da diversidade humana, que vê essa espécie dividida não em raças ou populações, mas em seis bilhões de indivíduos genomicamente diferentes entre si, mas com graus maiores ou menores de parentesco em suas variadas linhagens genealógicas”. Ou seja, Pena acredita que o modelo científico que prima por ver o ser humano como único, da qual não pode ser catalogado em um grupo, que não acredita na coletivização biológica e defende a existência de similaridades genéticas, seria o ideal. Enfim, neste processo, nosso sistema de cotas raciais não só falta com a verdade estatística, mas também quer retroceder cientificamente para um modelo em que Pena acredita ter dado subsídio para atrocidades cometidas por nações e impérios no passado e no presente. Um exemplo foi o massacre em Ruanda nos anos 90, onde dois grupos étnicos que foram separados por um processo de avaliação científica tomando o conceito de “raças” entraram em uma guerra civil violenta e chocaram o mundo com um episódio de genocídio brutal. 

    Temos um processo de relativização cultural grande em nosso país, que permite com que o sectarismo cultural que é visto em países como os EUA, onde negros e brancos fazem parte de diferentes “comunidades” e até mesmo não se toleram fora de seus limites, não seja um problema. As cotas suscitam o erro crasso de infindáveis discussões raciais, que talvez tragam ao nosso país este rompimento cultural e um ódio entre grupos sociais que acreditarão estarem sendo sabotados, não pelo estado, mas por pessoas de cores diferentes. Os mesmos EUA, pioneiros no sistema, revogaram sua ação tendo em vista o ódio crescente que fomentou entre estes grupos. Ou seja, estamos importando um sistema que gerou mais problemas do que soluções.  

      A maioria dos negros privilegiados pelo sistema de cotas serão pobres, é verdade. Mas eles deixarão de ser pobres ao entrarem na faculdade? Se você já esteve em um ambiente acadêmico sabe que a ideia de que é “de graça” é, fundamentalmente, uma imodicidade. Gastos com livro, material didático em geral, xerox, alimentação, transporte coletivo (...) que não serão subsidiados pelo governo. Quem vai pagar esta conta? Como uma Medeia excepcionalmente cruel, com a perfídia que lhe faz característica, o estado pega seus filhos pela mão, os joga na cova dos leões e os abandona, para depois preconizar-se alegando que fez o que podia para garantir-lhes um futuro. Hoje, nosso país está atrás da Bolívia no ranking de qualidade de educação básica da UNESCO. E, sim, falamos do estado que se gaba de ser a sexta economia do mundo, à frente da Inglaterra, segundo lugar no mesmo ranking. É, no mínimo, ingenuidade não perceber que estamos em um país que possui uma máquina de estado riquíssima e uma população que paga por isso e não vê sombra de retorno. 

    Para remendar sua incompetência homérica, o estado cria políticas públicas como as cotas, fracasso retumbante nos países em que anteriormente foi empregada, e repassa à população uma fantasia quixotesca de que é uma etapa necessária para se chegar à igualdade. O Brasil nunca será igualitário com um estado bicho-papão, que cresce desenfreadamente e recolhe, para manter a farra, a maior carga tributária do mundo. O primeiro inimigo, mais ardiloso e insidioso, não quer devolver este dinheiro e irá sempre apelar para o caminho mais fácil e mais barato. Cabe ao cidadão que paga por este escárnio virulento se opor e fazer ouvir sua voz, refutando suas demagogias e sofismas e, acima de tudo, pensar e se informar muito bem antes de levantar qualquer bandeira de imediatismos como “ação afirmativa” ou articulação do politicamente correto que tenha o dedo deste estado que trabalha para si, apenas para si. 

   Frederick Douglass, nome pouco conhecido no meio de Barack Obamas e Luther Kings, foi um dos maiores nomes da história negra no mundo ocidental e advogado incansável da igualdade racial, social e sexual. Para encerrar este texto, faço uso de suas palavras: “O que precisamos fazer com o negro? Não faça nada com o negro. (…) Tudo que peço é que lhe dê a chance de se sustentar com suas próprias pernas (…). Se você somente desamarrar suas mãos e dá-lo uma chance, eu penso que ele sobreviverá”.

*Originalmente publicado no jornal Folha Gaúcha, edição 80 sob o título "Cotas Raciais: a solução do imediatismo no país da desigualdade"

Novos rumos....


A partir da presente data, 09/02/13, o blog Philos Porque Quilo (http://philosporquequilo.blogspot.com.br) se torna um blog coletivo trazendo textos de diversos autores que tem a intensão de dar ser um contraponto par a avalanche de  blogs esquerdistas e de seus teóricos que pululam nos meios de comunicação atual.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

"Um equívoco ou dois"

 

              Li na edição de Zero Hora desta quinta feira 27 de janeiro, pág.19, o artigo do desembargador Rui Portanova intitulado “O Capitalismo e o Novo Aeroporto” o qual me surpreendeu pela abordagem equivocada que faz do capitalismo. As colocações de Portanova acabam submergindo no senso comum, que mostra o capitalismo como uma entidade hegeliana que é cultuada por uns e a outros tenta com seus estratagemas, tal qual uma figura mefistofélica.
                Para os mais desavisados ou hipnotizados por ideologias de esquerda, o capitalismo como sistema econômico não é nada mais que uma maneira de se pensar e agir dentro do campo econômico e social. “Armas não matam pessoas, pessoas matam pessoas” é uma afirmação que cabe bem neste caso. Como disse anteriormente o capitalismo, assim como o mercado, não é uma entidade é a representações de milhões de ações de indivíduos no espaço econômico e social do planeta. O Autor do artigo não pode acusar um sistema econômico da má fé de algum empresário ou grupo empresarial.
                Outro ponto que ficou um pouco confuso foi a afirmação de que “Apesar de proclamar o contrario, o capitalismo – aqui revelado sob a forma de pré-projeto do novo aeroporto-  repudia a fé incondicional da livre-iniciativa e livre mercado competitivo”. Provavelmente a intenção era escrever em relação aos liberais, maiores defensores do sistema capitalista, pois não há teóricos do capitalismo, visto que em verdade este sistema praticamente se autogere já que age de acordo com as ações humanas e não com um planejamento central em algum local determinado. Os liberais defendem o capitalismo por verem que, apesar de suas mazelas, como em tudo há ônus e bônus, é o sistema em que os indivíduos têm maior liberdade de escolha e de desenvolver seu potencial. 
                Quando ataca ao capitalismo em sua primeira frase do artigo o autor diz: “O capitalismo mostra suas entranhas, quando revela sua ganancia” dando uma carga totalmente negativa a este adjetivo comete outro equivoco. Pois a ganancia, a “vontade de poder”, foi o que nos trouxe até aqui. Não fossem homens gananciosos que “maquiavelicamente” resolveram dominar a natureza não teríamos saído das cavernas, que dirá ter aviões e aeroportos.
 

 

 O capitalismo e o novo aeroporto

Zero Hora 24 de janeiro de 2013 
RUI PORTANOVA * O capitalismo mostra suas entranhas, quando  revela toda a sua ganância. A vida tem nos dado alguns exemplos sob a forma de assertivas, tais como: "os fins justificam os meio", "rouba, mas faz", "levar vantagem em tudo".
Agora, o resultado do estudo de pré-viabialidade sobre a construção de um novo aeroporto na Região Metropolitana, é muito instrutivo. A Consultoria PricewatershouseCoopers (PwC), divulgou a necessidade da desativação do atual Salgado Filho e  não aceita sobreposição entre o aeroporto do estudo e o futuro terminal de Vila Oliva, em Caxias do Sul.
Vale a pena observar dois tópicos na entrevista do sócio para a Região Sul da PricewatershouseCoopers (PwC) para Zero Hora:
Zero Hora _ O fim do Salgado Filho gerou opiniões contrárias. Como o senhor vê essas manifestações?
Carlos Biedermann _ Com o tempo estimado para construir um novo terminal, de 10 anos, o Estado terá condição de criar um sistema de locomoção viável para passageiros e cargas. Estamos diante de uma oportunidade ímpar de resgatar o atraso que ficou em relação a outros Estados no setor aeroportuário. Haverá tempo para fazer obras e não sentir tanta saudade do Salgado Filho.
ZH _ O projeto de um novo aeroporto na Região Metropolitana se sobrepõe à construção de um terminal em Caxias do Sul?
Biedermann _ Não tenho dúvidas que sim, com sobreposição de cargas e passageiros. A existência de dois aeroportos na mesma região, ou relativamente próximos, dificulta a atração de investimentos e o retorno econômico.
Para o capitalismo pouco importam nossos sentimentos, a não ser quando se mercantiliza afeto e tradições para obter ganho fácil. Aqui há um menoscabo a nossa saudade. Ao depois, a busca do lucro despreza o interesse público e coletivo. Interessa mais o "investimento" e o "retorno econômico". Aqui é o novo aeroporto, mas tem sido assim com a destruição da fauna e a poluição do ar, dos rios e dos oceanos. Danem-se os danos ecológicos. Deus mercado tudo saneará.
Apesar de proclamar o contrário, o capitalismo _ aqui revelado sob a forma de  pré-projeto do novo aeroporto _ repudia a fé incondicional na livre-iniciativa e livre mercado competitivo. E cede passo ao monopólio, às barreiras e à burocracia. Com isso, a busca desenfreada pela "riqueza", deixa à mostra a "miséria" inerente ao capitalismo.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Sob a Sombra do Canalha


                Nessa época de eleições ocorre um estranho fenômeno, que tal como repentinamente surge também finda após a contagem dos votos. Este fenômeno consiste em milhares de pessoas se tornarem da noite para o dia, sem ter lido um livro, sem ter estudado um teórico, sem ter meditado sobre o assunto nem cinco minutos, especialistas em política e ideologia.

                Apinham-se as ruas, os botequins, as livrarias, repartições públicas, em suma não há aonde se vá que não se encontre um palpiteiro que em tempos de eleições é misticamente iluminado e elevado a cátedra da ciência política. No mais das vezes esses analistas políticos tendem a um discurso que se resume a “meu candidato/partido é melhor que todos os outros/ tão bom quanto aqueles a quem está associado” e “O fulano/partido é péssimo, meu candidato/partido faria/faz/fez muito melhor”. A isso se resume 99% das conversas que se tenta ter com esses atletas de fim de semana da política. E porquê seus argumentos se resumem a uma cantilena maniqueísta? Por que não defendem nem ideias nem ideais, não defendem pontos de vista, sejam econômicos ou ideológicos, mas defendem seus próprios interesses financeiros e de poder.
Muitos leitores dirão: “Mas isso é comum, cada um quer defender o seu”. Certamente que o que relatei não é novidade alguma, nem a observação do fenômeno, nem da análise de suas origens. Esse é o principal problema. Quando alguém ingere um veneno sem saber o que bebe é um acidente, quando sabe é suicídio.
                Dar ouvidos a essas pessoas, sabendo que têm intenções claramente ligadas a uma tentativa de elevação social é, na mais branda das possibilidades, uma tremenda burrice.  É um claro sintoma de degeneração quando um mal é visto com normalidade. No Brasil vemos o furto e a trapaça simbolizando a esperteza e a inteligência, a canalhice e a “malandragem” como pré-requisitos para alguém ser um gestor público. Há como ter esperanças em um povo que levanta templos ao vício e envia às masmorras as virtudes?
                Para não dizerem que caio na mesma vala comum onde se atiram por vontade própria os críticos sem soluções, os anunciadores do mal absoluto, vejo sim uma saída para esse, assim como para vários dos problemas que temos no país. As soluções são a educação e o fim da glorificação do canalha como o tipo modelo em nossa cultura.
Um adendo, quando falo “educação” não cito a pedagogia moderna que corre por nossas escolas e universidades, onde se o professor repreende um aluno, por estar socando a cara de um colega, é tachado de retrógrado e reacionário. Falo da verdadeira educação onde é transmitida ao aluno a herança cultural que foi juntada ao longo dos séculos.  Ou educamos no presente ou nunca teremos um futuro.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

De bodoque à passarinho*

É interessante notar como uma pessoa, ou um grupo, age quando ela e “pedra” e quando ela é “vidraça”. Ser oposição é um trabalho bem fácil, visto que basta reclamar de tudo que aparecer. Atirar em tudo que se mexer. Quando, depois de muito esforço, toma o poder começa a sentir onde “aperta o calo” de quem tem de construir algo.

Triste é ver aqueles que em um pretérito, não tão distante, eram ferrenhos críticos de certas praticas agora as praticando de maneira igual ou pior a de seus antagonistas. “Nada mais conservador que um revolucionário no poder” já diz o velho dito popular.

Está semana, durante o desfile da semana da pátria, conversava com os lideres do movimento da brigada militar, que lá estavam se manifestando em busca de seus direitos. Perguntei se o governador do estado estava negociando com a categoria, a respostas foi que “Ele está mais fugindo do que negociando, mas ainda há algum tipo de contato”. Ao ouvir isto comentei que atualmente era muito estranha a relação do Partido dos Trabalhadores com as classes em greve, tanto em nível estadual quanto federal. Para quem não sabe o governo federal disse aos servidores federais grevistas que não negocia com classe em greve.

Um dos policiais militares disse algo em nossa conversa que ficou gravado em minha memória e que posso deixar de compartilhar com a comunidade Riograndina. “O PT foi quem nos ensinou a fazer greve para lutar por nossos direitos. Agora age como se estivéssemos errados em nos manifestar”. Os professores estão punindo os alunos por aprenderem.

Quem está acostumado só a bater quando apanha sente mais firme o golpe.



*Este artigo foi publicado no "Blog do Alfaro"(http://www.blogdoalfaro.com.br) no dia 10/09/2012

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Bodoque Versus Fuzil


Existem certas lições que às vezes demoram muito mais tempo que deviam para ser entendidas por alguns. O general chinês Sun Tzu escreveu em sua obra prima da estratégia militar “A Arte da Guerra” por volta do século IV a.C., varias lições que servem não apenas para o campo da guerra, mas também para a política e para a vida em geral. Uma destas lições, provavelmente uma das maiores da obra, serve para os políticos liberais e conservadores do Brasil, hoje em dia mais do que nunca: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas.”.

Os políticos brasileiros de direita e centro, posições que englobam um vasto espectro de visões políticas, no mais das vezes, não conhece bem nem suas vertentes políticas nem a de seus oponentes. Poucos liberais têm o domínio das teorias sociais e econômicas que o liberalismo prega, o mesmo pode ser dito da maioria dos conservadores. Crêem, de maneira errônea, que suas noções empíricas das correntes políticas que advogam bastam no jogo político de hoje. Já os políticos, e militantes, de esquerda* tem, tanto quanto possível, o domínio da visão teórica de mundo de seus grupos políticos.

Graças a este erro, crasso, de estratégia os políticos de direita e centro estão atrasados dois séculos no jogo de poder político no Brasil. Se dominassem ao menos a visão teórica que sustentam poderiam defender publicamente com grande facilidade seus ideais, usando de argumentos claros e lógicos frente às lamurias e amontoados de bobagens usadas pela maioria dos esquerdistas de carreira para validar suas opiniões.

Um grave erro que advêm da desconsideração da teoria é a ausência da militância de direita e de centro. Aqui escreve um militante liberal, com alguns “toques” de conservadorismo (dos quais falarei em um outro artigo em breve), acho que isso já ficou claro por meus outros artigos. Quantos outros militantes liberais ou conservadores o leitor conhece? O numero dos que conheço pode ser contado nos dedos de uma mão. Quantos militantes de esquerda o leitor conhece? Conheço tantos que já perdi a conta.

Os militantes de esquerda, filiados ou não a partidos, são pessoas que pensam todos os dias em política, tentam convencer (em alguns casos converter) as pessoas em prol de suas causas e estão sempre próximos a candidatos dos partidos. A maioria das pessoas que defendem pontos de vista de centro ou de direita tende a agir politicamente apenas a cada dois anos, durante o processo eletivo. Os militantes de esquerda estão espalhados nos mais variados setores da sociedade civil, nas instituições de ensino, nos serviços públicos, nas ONG’s, nas igrejas, etc. Agindo de forma partidária sempre que possível.

Se José Serra fosse eleito e de alguma maneira seu mandato fosse posto em risco por uma manobra político-jurídica quantos militantes de direita/centro sairiam às ruas para defendê-lo? Provavelmente “uma meia dúzia de gatos pingados”. As pessoas de visão conservador-liberal tendem a ter confiança nas instituições democráticas, mesmo quando elas estão aparelhadas pelo “partido-estado”, como estão atualmente, logo deixariam ao judiciário decidir os rumos do país. Se ao invés de com Serra isso acontecesse à Dilma há um verdadeiro exercito de militantes preparados para sair às ruas e defende-la.

Dois erros, um em decorrência do outro, que nos trouxeram até onde estamos, à beira do abismo da “ditadura plebiscitária”. Sendo cada vez mais acossados pelo Castrochavismo, sempre bem vindo pela esquerda brasileira.

A direita e o centro tem que se conhecer e ao inimigo. Assim poderão trocar seus “arcos e flechas” por armas modernas e poder lidar de igual para igual com a esquerda na batalha ideológica da atualidade.

*Quando escrevo esquerda em meus artigos estou falando de todas as vertentes do marxismo e anarquistas, teorias que acredito que não mereçam espaço no cenário político contemporâneo. A outros grupos que são de esquerda como os social democratas ou os socialistas fabianos que merecem seu lugar na política democrática, pois respeitam suas regras e não apenas as usam até a tomada do poder.

domingo, 19 de setembro de 2010

A direita que não se vê


" A desvantagem do capitalismo é a desigual distribuição das riquezas;
a vantagem do socialismo é a igual distribuição das misérias. "
Winston Churchill



Diante da arrogância da esquerda a direita se acovarda, no Brasil isto está patente. Uma meia dúzia de homens que ainda primam por seus princípios e valores declaram publicamente que são conservadores ou liberais, ou seja de direta. Os outros se escondem por trás do 'murismo' dos que se dizem de centro ou do epíteto de 'progressistas', que é o apelido que os esquerdistas dão para aqueles que não são de esquerda, mas que, por medo ou ignorância, se deixam manipular por eles.
É triste e vergonhoso ver homens de alto nível intelectual e moral se juntando, e por vezes bajulando, ladrões e vigaristas da mais baixa categoria que pululam nos partidos de esquerda. É um dever moral de qualquer um que defenda a sociedade livre e o estado de direito ser anticomunista. Sempre é bom lembrar que, como diz minha avó, “Quem se junta aos porcos acaba comendo lavagem”.
É bem sabido que o capitalismo e a sociedade ocidental não são nenhum “mar de rosas”, mas isso não é motivo para que se troque eles por algo pior. E os regimes de esquerda, autoritários e assassinos por natureza, com certeza são piores.
Como liberal declarado e teimoso, diga-se de passagem, acabo “volta e meia” tendo embates com esquerdistas. No mais das vezes essas discussões não levam alugar algum, visto que uso argumentos, teóricos ou empíricos, enquanto que meus interlocutores tentam me convencer com histórias melodramáticas e choramingos. Outro fato que impede que se chegue a um lugar comum é que em uma discussão o liberalismo é sempre julgado pelos casos reais em que, ao menos em parte, foi levado a cabo, os argumentos teóricos não são válidos. Já no caso do socialismo/comunismo só vale o teórico, os casos reais foram “meros erros de interpretação dos homens”. Sei que é um erro de minha parte discutir com alguem que se minhas ideias forem levadas a cabo terá direito de livre manifestação e no caso das dele serem as vitoriosas a mim só restará a cadeia ou a vala comum, mas a teimosia sempre foi um dos meus piores defeitos.
Talvez pelo fatos dos textos chorosos, que usam sentimentalismo ao invés da logica, ou por, quase todos, esquerdistas esbravejarem, babarem e bufarem em meio a discussões, isso quando não “oferecem” pancadas a seus interlocutores, a direita se acovardou diante deles. Conservadores e liberais acreditaram na história, contada pela esquerda, de que a sombra do comunismo não paira mais sobre o Ocidente, baixando assim a guarda e levando um soco que a desnorteou. Até pouco tempo quem falasse que o comunismo ainda estava aí nos rondando era acusado de “açoitar cavalo morto”, agora com o cavalo do castrochavismo coiceando toda a América Latina as pessoas, estupefatas, notam que o cavalo estava se fingindo de morto.
A direita tem medo de se dizer direita no Brasil. A esquerda bombardeia a todos com mentiras e aqueles que poderiam lutar contra isso se acovardam ou se escondem por trás de subjetivismo políticos.
Não entendo, e em parte esse artigo é um desabafo, por que quem defende a democracia, o estado de direito e a liberdade tem vergonha disso. Pode ser que minha estupidez tenha extrapolado todos os limites, mas jamais me envergonharei de defender tais ideais. Quem deveria se envergonhar é quem defende regimes genocidas como o castrista ou o soviético. Esses sim deviam ter vergonha de andar entre os outros cidadãos.
Essas eleições são um exemplo claro do acovardamento da direita. O sociólogo Demétrio Magnoli em uma recente entrevista ao programa 'Roda viva' disse “A oposição abdicou-se de mostrar um caminho alternativo nestas eleições”, e ele acertou na mosca. A direita tem vergonha de se opor ao governo Lula.
Ou os partidos de direita, sejam conservadores, liberais ou mistos, retomam sua postura e defendem suas visões sobre o estado, a democracia representativa e a liberdade da expressão ou abandonem o espaço politico e se preparem para os campos de concentração e os pelotões de fuzilamento.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

"Polêmica Índio da Costa-PT/FARC

ou
A Falta de ‘bolas’ no Brasil.



Lidio Lima.

"A coragem é a primeira das qualidades humanas,
porque é a qualidade que garante as demais."
(Winston Churchill)



Quando qualquer um, que tenha um mínimo de conhecimento do estado atual da política na América Lat(r)ina e que não esteja submerso no fecal senso comum da esquerda, lê a declaração de Índio da Costa de que PT e FARC tem ligação não se surpreende de forma alguma. Eu mesmo tenho salvo em meu computador as atas do Foro de São Paulo, nas quais o PT declara seu apoio as FARC.

Logo após a declaração de Índio os ‘comunas’ ficaram em polvorosa. Parecia que alguém havia alvejado seu papa ou jogado “algo desagradável” em seu novíssimo ventilador importado, pago com o erário é claro.

Duas coisas me chamaram atenção neste episódio tragicômico. A primeira, e possivelmente a mais grave, foi o quase pedido de perdão da parte de Jose Serra aos ‘petralhas ‘. Que Serra pende para a esquerda, como uma torre de Pisa ideológica, todos já sabiam, mas que ele era um ‘cagão’ isso é novidade. Possivelmente essa covardia, intrínseca a ‘esquerdopatia’, seja um vestígio de época em que ele era realmente de esquerda e não apenas pendia. Venho há alguns dias mandando ‘twittes’ para Serra perguntando sobre o Foro de SP e ele permanece silente. Em um dos recados avisei que “seguirei perguntando até ser respondido ou até o fim das eleições.”. Retomarei a questão da covardia mais adiante no texto, mas agora quero tocar no segundo ponto.

O outro ponto é mais uma duvida minha que qualquer outra coisa. A questão é: “Qual o motivo do ‘piti’ da esquerda quando alguém declara que o PT esta ligado as FARC?”. A esquerda, e o PT principalmente, vem há anos defendendo sistematicamente os membros desta narcoguerrilha, lá ou aqui.

Se você é um daqueles que, como disse Milton Friedman, “tem o coração mole e infelizmente o conteúdo da cabeça com a mesma consistência” e crê na ladainha esquerdista de que as FARC querem libertar o povo colombiano e são bonzinhos me explique por que agora elas foram tratadas como um cão danado. Por que o PT se apresentou como se sentindo ofendido, atacado e até mesmo maculado pela declaração do vice de Serra? Alguém aí entendeu? Se eles(FARC) são os mocinhos e nem ligação com o tráfico tem (calunia da ‘imprensa golpista’) qual a causa então do nome do PT estar ligado ao das FARC parecer uma ofensa gravíssima? Alguem me explica?

Retomando o ponto da coragem, ou melhor da ausência dela. Índio foi corajoso ao dizer o óbvio ululante? Não, ao menos para mim. Pois, ele apenas tornou público o que muitos queriam manter oculto, mas que é claro como água cristalina. O PT apóia sim a narcoguerrilha FARC, assim como o MIR chileno entre outras guerrilhas de republiquetas de bananas. Ele, Índio da Costa, fez o que um homem com um mínimo de hombridade devia fazer. Trouxe a luz o que tentavam esconder e ainda tentam.

Por outro lado alguns podem o considerar corajoso, pois em um Brasil em que quase ninguém tem mais ‘bolas’, símbolo metafórico da hombridade, qualquer um que tenha ao menos uma delas já é visto como herói. A ausência de homens com coragem para dizer a verdade, o que pensam e o que deve ser dito, doa a quem doer, arrasta o a América Latina para o infame abismo do castrochavismo. Enquanto o Brasil for uma nação de castratis as coisas só tenderão a piorar.

Serra et caterva não tem ‘bola’ alguma, pois se curvam diante do lixo esquerdista. Fazem mesura aos bobos da corte como se eles fossem nobres. Antevendo a derrota se entregam ao inimigo antes mesmo do inicio da batalha e para agradar o rei barbudo e sua vice-regente fantoche se atiram sobre a própria espada. O suicídio de Sócrates foi um hino a coragem e as virtudes humanas, o de Serra é uma ode ao servilismo e a pusilanimidade.


domingo, 22 de agosto de 2010

"NEPL"

Lidio Lima


"A árvore da liberdade deve ser revigorada de vez em quando com o sangue de patriotas e tiranos: é seu fertilizante natural." Thomas Jefferson



Depois de muito tempo sem postar nada, mas não dormindo, trago ao (poucos) leitores deste blog uma novidade. Ele será o ponto de encontro e debate do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre o Liberalismo (NEPL).

“O que poderia eu, um simples estudante universitário, fazer contra o avanço do Castrochavismo na América Latina? Que poder teria para desmascarar o gramscismo e o marxismo cultural que tenta, e vem conseguindo a passos largos, corroer a constituição e os valores liberais do ocidente? Que força teria contra o Foro de São Paulo e seus tentáculos que se estendem por partidos, narcoguerrilhas, “ONGs” e “movimentos sociais”? Como poderia mostrar que, diferente do que é gritado aos quatro ventos, o liberalismo não é uma doutrina política ‘maligna e usurpadora’ e os liberais ‘cachorros loucos que querem vender seu país? Sozinho, isolado no extremo sul do país, força alguma. Porém juntando-me aos poucos que ainda crêem em uma democracia verdadeira e não aquela que não passa de vassalagem a tiranos de esquerda posso ser parte de um primum mobile de um futuro melhor.” Essas foram as principais ideias que me levaram a criar o NEPL.

Aqueles que quiserem fazer parte do grupo entrem em contato pelo e-mail: neplrg@hotmail.com e receberão o material de discussão do primeiro encontro que ocorrerá, possivelmente, no campos carreiros da FURG. Pretendo, sempre que possível, em nossos encontros levar textos, artigos e documentários que nos ajudem no progresso de nosso estudo. O grupo é aberto a todos aqueles que forem interessados nos assuntos abordados.

Espero que os participantes, e quantos mais melhor, possam vir a abrilhantar este blog com textos seus e criando blog e sites próprios para levar adiantes nossas ideias. Que este seja apenas o primeiro passo de uma longa caminhada em direção a uma consciência política maior no em Rio Grande, no RS e no Brasil.