terça-feira, 19 de outubro de 2010

Bodoque Versus Fuzil


Existem certas lições que às vezes demoram muito mais tempo que deviam para ser entendidas por alguns. O general chinês Sun Tzu escreveu em sua obra prima da estratégia militar “A Arte da Guerra” por volta do século IV a.C., varias lições que servem não apenas para o campo da guerra, mas também para a política e para a vida em geral. Uma destas lições, provavelmente uma das maiores da obra, serve para os políticos liberais e conservadores do Brasil, hoje em dia mais do que nunca: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas.”.

Os políticos brasileiros de direita e centro, posições que englobam um vasto espectro de visões políticas, no mais das vezes, não conhece bem nem suas vertentes políticas nem a de seus oponentes. Poucos liberais têm o domínio das teorias sociais e econômicas que o liberalismo prega, o mesmo pode ser dito da maioria dos conservadores. Crêem, de maneira errônea, que suas noções empíricas das correntes políticas que advogam bastam no jogo político de hoje. Já os políticos, e militantes, de esquerda* tem, tanto quanto possível, o domínio da visão teórica de mundo de seus grupos políticos.

Graças a este erro, crasso, de estratégia os políticos de direita e centro estão atrasados dois séculos no jogo de poder político no Brasil. Se dominassem ao menos a visão teórica que sustentam poderiam defender publicamente com grande facilidade seus ideais, usando de argumentos claros e lógicos frente às lamurias e amontoados de bobagens usadas pela maioria dos esquerdistas de carreira para validar suas opiniões.

Um grave erro que advêm da desconsideração da teoria é a ausência da militância de direita e de centro. Aqui escreve um militante liberal, com alguns “toques” de conservadorismo (dos quais falarei em um outro artigo em breve), acho que isso já ficou claro por meus outros artigos. Quantos outros militantes liberais ou conservadores o leitor conhece? O numero dos que conheço pode ser contado nos dedos de uma mão. Quantos militantes de esquerda o leitor conhece? Conheço tantos que já perdi a conta.

Os militantes de esquerda, filiados ou não a partidos, são pessoas que pensam todos os dias em política, tentam convencer (em alguns casos converter) as pessoas em prol de suas causas e estão sempre próximos a candidatos dos partidos. A maioria das pessoas que defendem pontos de vista de centro ou de direita tende a agir politicamente apenas a cada dois anos, durante o processo eletivo. Os militantes de esquerda estão espalhados nos mais variados setores da sociedade civil, nas instituições de ensino, nos serviços públicos, nas ONG’s, nas igrejas, etc. Agindo de forma partidária sempre que possível.

Se José Serra fosse eleito e de alguma maneira seu mandato fosse posto em risco por uma manobra político-jurídica quantos militantes de direita/centro sairiam às ruas para defendê-lo? Provavelmente “uma meia dúzia de gatos pingados”. As pessoas de visão conservador-liberal tendem a ter confiança nas instituições democráticas, mesmo quando elas estão aparelhadas pelo “partido-estado”, como estão atualmente, logo deixariam ao judiciário decidir os rumos do país. Se ao invés de com Serra isso acontecesse à Dilma há um verdadeiro exercito de militantes preparados para sair às ruas e defende-la.

Dois erros, um em decorrência do outro, que nos trouxeram até onde estamos, à beira do abismo da “ditadura plebiscitária”. Sendo cada vez mais acossados pelo Castrochavismo, sempre bem vindo pela esquerda brasileira.

A direita e o centro tem que se conhecer e ao inimigo. Assim poderão trocar seus “arcos e flechas” por armas modernas e poder lidar de igual para igual com a esquerda na batalha ideológica da atualidade.

*Quando escrevo esquerda em meus artigos estou falando de todas as vertentes do marxismo e anarquistas, teorias que acredito que não mereçam espaço no cenário político contemporâneo. A outros grupos que são de esquerda como os social democratas ou os socialistas fabianos que merecem seu lugar na política democrática, pois respeitam suas regras e não apenas as usam até a tomada do poder.

Um comentário:

Carlos Teixeira disse...

É curioso ver que as metáforas de guerra são sempre as que mais se encaixam à política.

Abraço
E boa batalha