quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

"Um equívoco ou dois"

 

              Li na edição de Zero Hora desta quinta feira 27 de janeiro, pág.19, o artigo do desembargador Rui Portanova intitulado “O Capitalismo e o Novo Aeroporto” o qual me surpreendeu pela abordagem equivocada que faz do capitalismo. As colocações de Portanova acabam submergindo no senso comum, que mostra o capitalismo como uma entidade hegeliana que é cultuada por uns e a outros tenta com seus estratagemas, tal qual uma figura mefistofélica.
                Para os mais desavisados ou hipnotizados por ideologias de esquerda, o capitalismo como sistema econômico não é nada mais que uma maneira de se pensar e agir dentro do campo econômico e social. “Armas não matam pessoas, pessoas matam pessoas” é uma afirmação que cabe bem neste caso. Como disse anteriormente o capitalismo, assim como o mercado, não é uma entidade é a representações de milhões de ações de indivíduos no espaço econômico e social do planeta. O Autor do artigo não pode acusar um sistema econômico da má fé de algum empresário ou grupo empresarial.
                Outro ponto que ficou um pouco confuso foi a afirmação de que “Apesar de proclamar o contrario, o capitalismo – aqui revelado sob a forma de pré-projeto do novo aeroporto-  repudia a fé incondicional da livre-iniciativa e livre mercado competitivo”. Provavelmente a intenção era escrever em relação aos liberais, maiores defensores do sistema capitalista, pois não há teóricos do capitalismo, visto que em verdade este sistema praticamente se autogere já que age de acordo com as ações humanas e não com um planejamento central em algum local determinado. Os liberais defendem o capitalismo por verem que, apesar de suas mazelas, como em tudo há ônus e bônus, é o sistema em que os indivíduos têm maior liberdade de escolha e de desenvolver seu potencial. 
                Quando ataca ao capitalismo em sua primeira frase do artigo o autor diz: “O capitalismo mostra suas entranhas, quando revela sua ganancia” dando uma carga totalmente negativa a este adjetivo comete outro equivoco. Pois a ganancia, a “vontade de poder”, foi o que nos trouxe até aqui. Não fossem homens gananciosos que “maquiavelicamente” resolveram dominar a natureza não teríamos saído das cavernas, que dirá ter aviões e aeroportos.
 

 

 O capitalismo e o novo aeroporto

Zero Hora 24 de janeiro de 2013 
RUI PORTANOVA * O capitalismo mostra suas entranhas, quando  revela toda a sua ganância. A vida tem nos dado alguns exemplos sob a forma de assertivas, tais como: "os fins justificam os meio", "rouba, mas faz", "levar vantagem em tudo".
Agora, o resultado do estudo de pré-viabialidade sobre a construção de um novo aeroporto na Região Metropolitana, é muito instrutivo. A Consultoria PricewatershouseCoopers (PwC), divulgou a necessidade da desativação do atual Salgado Filho e  não aceita sobreposição entre o aeroporto do estudo e o futuro terminal de Vila Oliva, em Caxias do Sul.
Vale a pena observar dois tópicos na entrevista do sócio para a Região Sul da PricewatershouseCoopers (PwC) para Zero Hora:
Zero Hora _ O fim do Salgado Filho gerou opiniões contrárias. Como o senhor vê essas manifestações?
Carlos Biedermann _ Com o tempo estimado para construir um novo terminal, de 10 anos, o Estado terá condição de criar um sistema de locomoção viável para passageiros e cargas. Estamos diante de uma oportunidade ímpar de resgatar o atraso que ficou em relação a outros Estados no setor aeroportuário. Haverá tempo para fazer obras e não sentir tanta saudade do Salgado Filho.
ZH _ O projeto de um novo aeroporto na Região Metropolitana se sobrepõe à construção de um terminal em Caxias do Sul?
Biedermann _ Não tenho dúvidas que sim, com sobreposição de cargas e passageiros. A existência de dois aeroportos na mesma região, ou relativamente próximos, dificulta a atração de investimentos e o retorno econômico.
Para o capitalismo pouco importam nossos sentimentos, a não ser quando se mercantiliza afeto e tradições para obter ganho fácil. Aqui há um menoscabo a nossa saudade. Ao depois, a busca do lucro despreza o interesse público e coletivo. Interessa mais o "investimento" e o "retorno econômico". Aqui é o novo aeroporto, mas tem sido assim com a destruição da fauna e a poluição do ar, dos rios e dos oceanos. Danem-se os danos ecológicos. Deus mercado tudo saneará.
Apesar de proclamar o contrário, o capitalismo _ aqui revelado sob a forma de  pré-projeto do novo aeroporto _ repudia a fé incondicional na livre-iniciativa e livre mercado competitivo. E cede passo ao monopólio, às barreiras e à burocracia. Com isso, a busca desenfreada pela "riqueza", deixa à mostra a "miséria" inerente ao capitalismo.

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