sábado, 9 de fevereiro de 2013

Uma lição esquecida


Lídio Lima


            Li que o governo argentino lança mão do congelamento dos preços para tentar controlar a inflação. Foi nessa mesma Argentina que em meados de dezembro de 1958(!) o economista Austríaco, Ludwig Von Mises , palestrou para uma plateia de jovens interessados em modernizar a economia de sua nação. Esta série de palestras está contida no livro “As seis Lições” (José Olimpo/Instituto Liberal).
Em uma palestra específica, chamada “O Intervencionismo”, Mises nos fala sobre o congelamento por parte do governo do preço do leite, por exemplo:
“Por um lado, o menor preço do leite provoca o aumento da demanda do produto; pessoas que não tinham meios de comprá-lo a um preço mais alto, podem agora fazê-lo ao preço reduzido por decreto oficial. Por outro lado, parte dos produtores de leite, aqueles que estão produzindo a custos mais elevados – isto é os produtores marginais – começam a sofrer prejuízos, visto que o preço decretado pelo governo é inferior aos custos do produto.”
Todo esse processo, afirma Mises, tem como resultado a redução da quantidade do produto no mercado, pois com contínuo prejuízo os produtores vão diminuindo a produção ou até mesmo desistindo dela, e a ampliação da demanda, pois com preço menor mais pessoas podem comprar tais produtos. Deste aparente paradoxo de diminuição da produção e aumento do consumo surge o “mercado negro”, a corrida aos mercados, as infindáveis filas, etc... Cenários que o brasileiro conhece muito bem.
Outro problema do congelamento dos preços, também apontado por Mises, é que o Governo acaba por adentrar em um círculo vicioso em que a princípio só congela uns poucos produtos, mas começa a estender esse controle a outras áreas. Seguindo o exemplo do leite, o economista explica que, o governo ao ver que o que encarecia o produto aos criadores era, por exemplo, a forragem, decide congelar também o preço desta, criando assim um círculo vicioso de controle do Estado e de insatisfação dos cidadãos.
Congelamento de preços é uma medida já se comprovou inócua no Brasil. E, quando “funcional”, não passa de uma falácia econômica de longo prazo. Essa estratégia é bem conhecida dos brasileiros. Tivemos até mesmo inspetoras civis, as famosas “Fiscais do Sarney”, para averiguar se os congelamentos estavam sendo cumpridos. Assim sendo, poderíamos aconselhar nossos “hermanos” a deixar de lado tais artificialismos econômicos ultrapassados e liberalizar sua economia, sair do populismo decadente e entrar no livre mercado, única saída para um país que quer evitar uma crise.
Espero que essa pequena lição, dada por este que é um dos maiores economistas da historia, em 1958, sirva para arejar a mente de nossos hermanos argentinos. E que mais uma vez fique claro: Na atualidade nenhum país que quer ser uma potência mundial pode se sustentar sem ser uma economia aberta ao livre mercado e com o mínimo de interferência por parte do Estado.

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