terça-feira, 4 de agosto de 2009

"QUEM FUMA DEVE "LEVAR FUMO" DESSA VEZ?"


Lidio Lima



A câmara de vereadores de pelotas, na pessoa do vereador Ivan Duarte(PT), está tentando aprovar uma lei que proibe os cidadãos de fumar em locais fechados, sejam públicos ou privados. Me obriguei a escrever algo sobre o assuntos, visto que Rio Grande em matéria de importar lixo está cada vez mais se especializando. Está lei é mais um bom exemplo da esfera pública imergindo na privada. Os motivos pelos quais o “nobre edil” quer proibir que as pessoas tenham o direito de fumar, vicio nojento e idiota, são pessoais e frágeis. Diz ele: “Tenho três razões para a iniciativa: a morte estúpida do meu pai, por causa dessa droga; o nojo que tenho do gosto e do cheiro, e a série de movimentos contra o fumo mundo afora.”
Antes que afirmem que legislo em causa própria, afirmo que não fumo e detesto cigarro, porém como escreveu Thomas Paine: “Quem quer garantir a própria liberdade, deve preservar da opressão até o inimigo; pois, se fugir a esse dever, estará a estabelecer um precedente que até a ele próprio há-de atingir.” . Essa lei é sem propósito, tirânica e populista. Em tempos de “politicamente correto” qualquer dia arrotar vai “dar cadeia”.
Dentro de estabelecimentos públicos concordo que haja uma lei regulamentando onde pode-se ou não fumar, não abolindo esse direito do cidadão, que paga pela manutenção desses estabelecimentos. Ou fumante não paga impostos? Aliás paga mais do que a maioria, devido as leis de taxação dos cigarros feita, como uma espécie de lei antitabagista light, aprovadas pelo governo federal recentemente.
Quando entramos na esfera do privado as coisas mudam de figura. Por que o estado deve impedir que os frequentadores do meu estabelecimento, se eu tivesse um(hehehe), possam fumar se eu assim quiser, visto que o estabelecimento é meu? Se eu deixar que as pessoas fumem em todo o recinto ou em parte, os cliente que não fumam não gostarão disso e irão embora, logo eu perderei dinheiro. E quem gosta de perder dinheiro? Mas é um direito dos comerciantes perderem clientela se quiserem que seus clientes possam fumar. É algo que o próprio mercado é capaz de regular e não uma lei arbitraria criada por motivos pessoais e que só foi posta em ação por ter como exemplo outra lei arbitraria do governo de São Paulo.
Essa “moda” de tentar regular a vida dos indivíduos de uma sociedade tendo como base um “cidadão padrão”, não fumante, abstêmio, com educação e mentalidade mediana é um sinal claro de degeneração dos ideais de liberdade do individuo em nossa época. É um estupro dos direitos dos cidadãos, uma padronização que nos levará cada vez mais rápido para uma sociedade feita apenas de uma massa amorfa de pedantes janotas que mandam à forca quem der um peido em público.


3 comentários:

Fabiano - Barricada Vermelha disse...

Lídio, ainda que tenha elogiado publicamente teu texto sobre os problemas na prefeitura de Rio Grande (e disse isso: foi lógico e resumido), tua posição sobre o fumo, não é liberal, mas sim egoísta. Tuas liberdades acabam onde começam as minhas. Há um termo que indica algo parecido: Quando tu ligas um aparelho de som muito alto, aconteça a interferencia auditiva. O resto é afetado. Com a fumaça é semelhante. Achar que alguém deve prejudicar a coletividade por que tem direitos individuais é confuso: é como se outros indivíduos precisam ceder sua qualidade de vida para beneficiar o conforto de outro. Quando fumava, nunca (repito: nunca) acehi que meu direito era maior que o direito da coletividade; A necessidade de ar limpo não beneficia o não-fumante; beneficia a todos, fumantes ou não; Alegar que a lei restringe um grupo em detrimento a outro é puro equívoco. Da mesma forma, Lídio, não deves usar o discurso liberal-democrático para ungir tuas propostas. Como tu mesmo dissestes, "pensas em ti", pq não te importas em ser fumante passivo; ainda que nesse assunto, tenhas teus motivos pessoais para não fumar. Teu argumento pode ser usado por um motorista que ao comprar um carro esporte, anda acima do limite de velocidade: Send cidadão, ganhando bem, o que o impede de ter liberdade de correr? O direito dos outos à segurança. Um fumante não é diferente. Em SP, em campanha eleitoral, Serra proibiu o fumo em lugares fechados, tendencia que vem crescendo em todo o mundo numa época onde o ocidente (e tu és o defensor mor do ocidente, não?) avança no debate da democracia como liberdades individuais e coletivas. Em alguns países da Europa, o fumo já é proibido em locais abertos: O monóxido de carbono afeta o meio-ambiente, aumenta o buraco na camada de ozônio e a fumaça se espalha, mesmo dissipada ela transfere os componentes cancerígenos; Onde fica a discussão da liberdade, quando o espaço serve a todos e à própria sobrevivência? Uma discussão fundamental acerca das liberdades e dos direitos, que devem existir e serem respitados, mas não interferir no direito da coletividade.

Anônimo disse...

Não tenho muito o que acrescentar depois do ótimo texto do colega Fabiano. Lídio, estás na lógica do egoísmo...enfim, sou a favor da lei para que não sejamos obrigados a participar dessa morte em slow-motion.

e acredito que na próxima geração vão dizer:
"Meu deus, vocês fumavam em lugares fechados? Que absurdo!"
álias, você é a favor das pessoas fumarem no cinema enquanto vc está assistindo um filme e 5 cidadãos (que pagam impostos, como eu e vc) estão lá, tragando espalhando fumaça?

Pois é, a alguns bons anos atrás isso era possível, e a repercussão da proibição foi enorme...hoje eu duvido tu adorar, em nome da individualidade de cada um, assitir duas horas de projeção com fumaça na cara.

Manoel disse...

Esse texto do lídio é muito bom, direto e de caráter liberal sim. O grande problema de uma lei que proíbe o fumo em lugares fechados, está em sua arbitrariedade e falta de respeito com os valores individuais. É ridículo proibir que se fume em ambientes como bares, festas e restaurantes, isso cabe aos estabelecimentos decidirem e o cliente opta por aquele que achar melhor. Em lugares como ônibus e o citado cinema, a coisa deve funcionar do mesmo modo, entretanto fica difícil imaginar o sucesso de uma empresa de ônibus e de um cinema que permitem o fumo, eles certamente teriam que proibi-lo pelo bem do sucesso comercial. Resumindo a flexibilidade oferece vantagens tanto para o individuo de modo isolado quanto para a sociedade. Proibir ou não, é uma questão opcional, portanto não é necessário recorrer sempre à chancela do Estado. Em todos os casos citados uma outra alternativa legal seria muito mais útil. Trata-se do estatuto, uma empresa pode criar o seu e dirigir seu negócio de acordo com as regras previstas nele, assim o cinema e as empresas de ônibus podem proibir o fumo sem que tenhamos que conviver com essa lei pseudo-moralista e generalizante.